Em 1854, o Papa Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, através da bula Ineffabilis Deus.
Nossa Senhora da Imaculada Conceição
As
raízes dessa devoção se reportam ainda aos primeiros séculos da
Cristandade. Já os Padres da Igreja do Oriente, de fato, ao exaltar a
Mãe de Deus, usavam expressões que a colocavam acima do pecado
original.
No
entanto, qual é exatamente o significado desse dogma e como não
confundi-lo com outros títulos referentes a Maria? A seguir, confira a
explicação do mariólogo padre Stefano De Fiores.
Padre Stefano: É
preciso evitar um equívoco: o de confundir a Imaculada Conceição, que
diz respeito à pessoa de Maria, no primeiro instante de sua existência,
com a virgindade de maria, que, ao contrário, é uma decisão na sua
vida, quando está consciente, portanto, quando já cumpriu um bom
caminho de anos, ao menos até a sua adolescência.
E
poderíamos dizer que a Imaculada Conceição é isso: não é um privilégio
que distancia Maria de nós, porque, antes das diferenças, está a
igualdade. A igualdade está nisso: tanto Maria quanto nós somos
redimidos em Cristo. Nós somos redimidos mediante a libertação do
pecado, enquanto, para Maria, trata-se de uma preservação do pecado
original, isto é, Jesus foi perfeitíssimo mediador para Maria
enquanto não esperou que ela caísse em pecado para depois absolvê-la,
mas a sua graça redentora foi tão forte a ponto de impedir que Maria
caísse no pecado.
Pergunta: Como compreender, portanto, neste sentido, o livre arbítrio de Maria?
Padre Stefano: Maria
foi protegida pela graça de maneira toda especial, mas essa graça não
tolhe a liberdade, porque Deus não pode tratar a nós – por Ele criados
livres – como se não fôssemos livres! E, de fato, a Maria é pedido o
consenso para a Encarnação do Filho de Deus. Ela teria podido dizer
‘não’: sustentada pela graça, pôde dar aquele sim completo, total,
perfeito de disponibilidade “sem qualquer peso de pecado”, diz o
Concílio Vaticano II. E, portanto, com a plenitude da sua humanidade,
pôde aderir a Deus entregando toda a sua vida à Palavra de Deus, à
promessa que Deus havia feito de torná-la Mãe do Filho de Deus.
Pergunta: De que modo ler, viver a presença desta festividade na imediata proximidade do Natal?
Padre Stefano: No
Advento, nós temos a preparação que vem do profeta Isaías com o seu
invencível otimismo, que nos leva a trabalhar por um mundo novo, por um
mundo de paz. Depois, vem João Batista, que nos faz ver que é a via da
conversão que pode verdadeiramente levar-nos à salvação; enfim, eis
que vem Maria como a preparação radical para a vinda do Messias. De
fato, Maria ensina-nos a plena disponibilidade, portanto, Maria é a
preparação mais perfeita para que possamos acolher verdadeiramente o
Verbo de Deus que se fez carne. Assim, como diz Bento XVI, agora não
podemos mais fazer teologia sem mariologia, porque o nosso Deus é o
Deus encarnado no ventre da Virgem Maria por obra do Espírito.
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