O
Papa Francisco quer reforçar a colegialidade na Igreja e prevê a
criação de um conselho permanente a partir da estrutura existente dos
sínodos, e ressaltou nesta quinta-feira que tem trabalhado em estreita
colaboração com os oito cardeais nomeados para reformar a Igreja.
Em uma conversa informal com os membros do Conselho Ordinário do
Sínodo dos Bispos (que se reuniu em setembro/outubro, sobre o tema da
Nova Evangelização), o Papa Francisco declarou que deseja construir um
sólido apoio para governar sobre uma base "sinodal".
"É um grande desafio. Para avançarmos com a liberdade, precisamos da
sinodalidade! Sigamos em frente, sem medo", recomendou, ao final da
reunião, na qual deixou de lado seu discurso preparado com antecedência,
e que foi transmitida no circuito interno do Vaticano.
"Encontremos uma forma de coordenação entre a sinodalidade e o
bispado de Roma. Neste contexto, o papel do secretariado do sínodo é
extremamente importante", acrescentou. O Conselho do Sínodo dos Bispos
pode se tornar um "conselho permanente", sugeriu.
Referindo-se aos problemas da família no mundo moderno, ele
perguntou: "a quem confiar um estudo sobre a pastoral da família?". Os
oito cardeais "vão nos dizer", assegurou.
O Papa nomeou oito cardeais dos cinco continentes para aconselhar e
também ajudar a reformar a Constituição "Pastor Bonus" sobre a
organização da Cúria. Eles vão se reunir entre os dias 1 e 3 de outubro
no Vaticano.
Muitos vaticanistas acreditam que a reforma que o Papa planeja
constitui em modernizar "Pastor Bonus", sem revolucionar, e aplicar as
recomendações da colegialidade previstas pelo Concílio Vaticano II
(1962-1965), que caíram em desuso.
Alguns no Vaticano acreditam que este "G8" será um grupo meramente
consultivo, que não competirá com a Secretaria de Estado. De qualquer
forma, continua a ser um grupo informal, sem poder executivo, mas o Papa
parece dar-lhe uma grande influência.
A Pastoral da Família poderia ser tratada sob a forma de "sínodo",
indicou, ressaltando a importância que deve ser dada a questão.
Ele também mencionou algumas "práticas da medicina que vão contra a
ecologia humana" e uma "laicidade que se tornou secularismo": questões
sobre as quais a Igreja deve discutir, disse.
O Papa Francisco também anunciou que terminará de escrever uma
encíclica sobre a fé, cujo "trabalho duro" já havia sido feito por Bento
XVI, que lhe entregou para concluir.
Após este texto escrito a "quatro mãos", ele poderia escrever uma exortação apostólica sobre a evangelização, sugeriu.
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