Uma dezena de patriarcas e arcebispos
orientais vai reunir-se com o papa Francisco na quinta-feira para
reflectir sobre a maneira de manter os fiéis, ameaçados pelo
fundamentalismo islâmico e conflitos, nas terras de origem.
Síria, Iraque, Líbano e Egito são os locais mais
problemáticos. Presentes antes da existência do Islão, as comunidades
cristãs - católicos de rito oriental ligados a Roma e ortodoxos -
encontram-se em situações muito difíceis, o que leva muitas pessoas a
abandonar o local de origem.
Depois do conclave de março, vários patriarcas manifestaram a vontade
de que o papa Francisco visitasse a região e a jornada de oração pela
paz na Síria, no início de setembro, foi amplamente seguida por estas
Igrejas que não apoiam qualquer intervenção estrangeira.
Para a reunião anual do Conselho Pontifício para as Igrejas
Orientais, que começou hoje, e para o encontro de quinta-feira com o
papa foram convidados todos os responsáveis das Igrejas católicas
orientais: o patriarca maronita Bechara Boutros Rai (Líbano), o bispo
caldeu de Alepo Antoine Audo (Síria), o patriarca greco-melquita
Gregório III Laham (Síria) e o patriarca iraquiano dos caldeus
Luis-Rafael I Sako.
Vão também deslocar-se ao Vaticano o patriarca copta católico Ibrahim
Isaac Sidrak, o patriarca dos arménios, o egípcio Nerses Bedros XIX
Tarmouni, e o patriarca latino de Jerusalém , Fouad Twal.
Enquanto as chancelarias ocidentais repetem que os cristãos garantem a
diversidade cultural da região, as Igrejas pedem aos fiéis que não
vendam ou abandonem as suas terras.
Mas alguns cristãos de oriente são pressionados a emigrar,
influenciados pelos grupos islamitas desejosos de introduzir a "sharia"
(lei islâmica), apoiados por alguns países muçulmanos.
O patriarca iraquiano Sako denunciou à Rádio Vaticano a atribuição de vistos aos cristãos do Iraque.
"Há toda uma estratégia para ajudar os cristãos a sair do Iraque",
mesmo nas zonas do norte, onde não são ameaçados", disse o patriarca,
que pretende abordar este tema com o papa.
"O Médio Oriente vai ficar sem cristãos", apesar da "sua presença, qualificação e abertura serem vitais", disse.
Desde o fim do regime de Saddam Hussein, em 2003, numerosos cristãos
iraquianos fugiram, identificados na propaganda islamita com os
"cruzados" norte-americanos da intervenção militar internacional no
Iraque.
Na Síria, são mal vistos por apoiarem o regime de Bashar al-Assad, por receio dos grupos islamitas.
Os fluxos migratórios fazem-se para a Europa, Américas, Austrália,
mas também para o interior da região. Dezenas de milhares de cristãos
sírios fugiram, desde o início da guerra civil na Síria, em março de
2011, para o Líbano, Jordânia, Turquia e norte do Iraque.
No Egito, a pequena comunidade copta católica está solidária com a
grande comunidade copta ortodoxa, que se sente ameaçada pela Irmandade
Muçulmana e outros grupos muçulmanos radicais.
De acordo com o diretor geral de L'Oeuvre d'Oriente, Pascal
Gollnisch, os patriarcas levam para a Roma a "experiência do ecumenismo,
porque quase todas as Igrejas católicas orientais têm irmãs ortodoxas".
"A forma de governo das Igrejas orientais - como um sínodo - pode
também enriquecer a reflexão da Igreja de Roma sobre o seu próprio
governo", disse.
No encontro deverá ser "preparada uma eventual visita à Terra Santa
do papa e avaliar a situação das negociações diplomáticas com Israel",
acrescentou.
Francisco foi convidado por Israel e pela Autoridade Palestiniana a visitar a Terra Santa, no próximo ano.
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