A Igreja Católica é formada por 23 igrejas em comunhão
plena, entendendo igreja aqui como união de dioceses da mesma tradição cultural
– o que, no caso, engloba diferentes aspectos como liturgia, espiritualidade,
teologia, disciplina e organização. Uma dessas igrejas é a própria Igreja
Latina, que representa a maior presença católica no Brasil, e outra é a Igreja
Católica Greco-Melquita.
Os Códigos Canônicos chamam essas igrejas de igrejas “sui
juris”, ou seja, igrejas autônomas, que podem legislar sobre tudo que lhe é
próprio, como sobre seu rito e sua disciplina, mas não sobre o que é universal,
que são os dogmas. Quem faz tradicionalmente essa legislação de uma igreja “sui
juris” é o seu respectivo Sínodo, que é a reunião de seus bispos, sob a chefia
de seu Patriarca ou de seu Arcebispo-maior (títulos entre os quais há pouca
diferença prática)[1].
A Igreja Melquita é chefiada por Sua Beatitude o Patriarca
Gregório III, e a Igreja Ucraniana, presente aqui no Brasil, predominantemente
no Sul, por Sua Beatitude o Arcebispo-Maior Dom Lubomyr Husar. O Patriarca da
Igreja Latina é S.S. o Papa Francisco, embora seu papel se confunda com o de
líder da Igreja Católica. Apesar disso, Igreja Católica não se confunde, nem
pode se confundir com Igreja Latina, embora isso tenha acontecido por muito
tempo na história, causando sérios prejuízos aos católicos orientais.
Só no Concílio
Vaticano II, todos os ritos da Igreja Católica foram considerados com a mesma
dignidade. Antes, muitos consideravam o Romano superior aos demais. Os
orientais eram meramente tolerados. Vejamos quais são os ritos da Igreja, de
acordo com suas famílias litúrgicas[2]
1. Família latina:
a) rito romano ordinário
b) rito romano extraordinário
c) rito ambrosiano
d) rito moçárabe
e) rito bracarense
f) rito cartuxo
2. Família ritual bizantina: apenas o rito bizantino, usado
pelas seguintes igrejas:
Igreja Católica Bizantina Albanesa
Igreja Católica Bizantina Bielorrussa
Igreja Greco-Católica Búlgara
Igreja Greco-Católica Croata
Igreja Católica Bizantina Grega
Igreja Greco-Católica Melquita
Igreja Greco-Católica Húngara
Igreja Católica Ítalo-Albanesa
Igreja Católica Bizantina Macedônia
Igreja Greco-Católica Romena unida com Roma
Igreja Católica Russa
Igreja Católica Rutena
Igreja Greco-Católica Eslovaca
Igreja Greco-Católica Ucraniana
3. Família ritual armênia: apenas o rito armênio, usado só
pela Igreja Armênia.
4. Família ritual alexandrina: apenas o rito copta, usado
pelas Igrejas Copta e Etíope.
5. Família ritual siríaca ou antioquena:
a) rito siríaco, usado pelas Igrejas Siríaca e Malankar;
b) rito caldaico (ou assiríaco, ou ainda siríaco oriental),
usado pelas Igrejas Caldaica e Malabar;
c) rito maronita, usado só pela Igreja Maronita.
Com exceção da Igreja Maronita, todas igrejas orientais
católicas possuem uma igreja equivalente separada de Roma, podendo ser
ortodoxa, ou não (dependendo de quantos concílios ecumênicos aceitou ao longo
da história). Se aceitar os 7 primeiros concílios ecumênicos, é ortodoxa; se aceitar
apenas 3 concílios, é pré-calcedoniana, se aceitar apenas 2, é pré-efesiana.
Por exemplo, a Igreja Melquita tem como contraparte a Igreja Ortodoxa
Antioquena, e a Igreja Católica Armênia tem como contraparte a Igreja Armênia
Apostólica, que é pré-calcedoniana[3].
As igrejas orientais católicas no Brasil são a Igreja
Melquita, com igrejas no Sudeste e uma no Nordeste, a Igreja Ucraniana, com 300
igrejas no Sul e 1 em São
Paulo , a Igreja Siríaca, em Belo Horizonte , a
Igreja Maronita, com uma presença espalhada
pelo país, e a Igreja Armênia, em São Paulo. Aqui no Rio, só há Igreja Melquita, a
Paróquia de S. Basílio, na República do Líbano, no Centro, e a Igreja Maronita,
a Paróquia Nossa Senhora do Líbano, na Conde de Bonfim, na Tijuca (com uma
missão no Leblon).
Philippe A. Gebara Tavares
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