sexta-feira, 26 de junho de 2015

Publicada nova encíclica de Francisco: Laudato si, como cuidar da criação

papa francisco laudato si
«Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?»  Este interrogativo é o âmago da Laudato si’, a aguardada Encíclica ecológica do Papa Francisco.(Clique para ler na íntegra em português)

O nome foi inspirado na invocação de São Francisco  «Louvado sejas, meu Senhor», que no Cântico das Criaturas recorda que a terra «se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma mãe, que nos acolhe nos seus braços». Agora, esta terra maltratada e saqueada se lamenta e os seus gemidos se unem aos de todos os abandonados do mundo.
No decorrer de seis capítulos, o Papa convida a ouvir esses gemidos, exortando todos a uma «conversão ecológica», a «mudar de rumo», assumindo a responsabilidade de um compromisso para o «cuidado da casa comum».
O Pontífice se dirige certamente aos católicos, aos cristãos de outras confissões, mas não só: quer entrar em diálogo com todos, como instrumento para enfrentar e resolver os problemas.
Eis alguns temas analisados na Encíclica:
As mudanças climáticas
«As mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas, e constituem um dos principais desafios atuais para a humanidade». Se «o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos», o impacto mais pesado da sua alteração recai sobre os mais pobres.
A questão da água
O Pontífice afirma claramente que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos». Privar os pobres do acesso à água significa «negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável».
A dívida ecológica
No âmbito de uma ética das relações internacionais, a Encíclica indica que existe uma verdadeira “dívida ecológica”, sobretudo do Norte em relação ao Sul do mundo. Diante das mudanças climáticas, há «responsabilidades diversificadas», e as dos países desenvolvidos são maiores. O Papa Francisco se  mostra  impressionado com a  «fraqueza das reações» diante dos dramas de tantas pessoas e populações.
A raiz humana da crise ecológica
O ser humano não reconhece mais sua correta posição em relação ao mundo e assume uma posição autorreferencial, centrada exclusivamente em si mesmo e no próprio poder. Deriva então uma lógica do «descartável» que justifica todo tipo de descarte, ambiental ou humano que seja.
Mudança nos estilos de vida
A Encíclica retoma a linha proposta na Evangelii Gaudium: «A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora». O Papa propõe mudanças nos estilos de vida, através da educação e da espiritualidade. Uma educação ambiental que incida sobre gestos e hábitos cotidianos, da redução do consumo de água, à separação do lixo até «desligar luzes desnecessárias». Para Francisco, «uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo». O Pontífice recorda, porém, que tudo isto será mais fácil a partir de um olhar contemplativo que vem da fé: «O crente contempla o mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro, reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres».
O coração da proposta da Encíclica é a ecologia integral como novo paradigma de justiça; uma ecologia «que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o circunda».
A esperança permeia todo o texto e, segundo Francisco, não se deve pensar que esses esforços não mudarão o mundo. A crise ecológica, portanto, é um apelo a uma profunda conversão interior. Pode-se necessitar de pouco e viver muito.

Vaticano: Congregação para a Doutrina da Fé se pronuncia sobre as Aparições de Medjugorje

Por - Senza Pagare-  Durante a reunião plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação, divulgou o parecer da Santa Sé em relação às aparições de Medjugorje (Bósnia-Herzegovina) e aos respectivos videntes. A conclusão apresentada é que nunca aconteceu nenhum evento sobrenatural em Medjugorje. Este parecer foi apresentado pela “Comissão Ruini”, constituída pelo Papa Bento XVI para investigar os ditos fenómenos e as mensagens da Virgem Maria que são tornadas publicas regularmente pelos videntes desde 1981.
A Congregação para a Doutrina da Fé aprovou uma série de restrições e recomendações em relação a Medjugorje, tais como:
- Os fiéis católicos estão proibidos de participar nos “extases” dos videntes.
- Os videntes estão proibidos de divulgar os textos que dizem ter recebido da Virgem Maria.
- A paróquia de Medjugorje não será um Santuário Mariano, como desejavam os videntes.
- Os bispos não podem acolher nas suas dioceses os videntes para darem o seu testemunho.
- Os bispos devem recomendar aos seus fiéis que quando se deslocarem a Medjugorje como peregrinos se façam acompanhar por um sacerdote católico.
- Os peregrinos que se desloquem a Medjugorje não devem reconhecer como verdadeiras as aparições e devem evitar qualquer contacto com os videntes, concentrando-se apenas na oração e Sacramentos.
Estas duras medidas tomadas pela Santa Sé foram justificadas pela inconsistência teológica das mensagens de Medjugorje e com os grandes rendimentos que os próprios videntes garantiram durante todos estes anos. Os videntes são proprietários de vários hoteis, bastante lucrativos graças ao grande número de peregrinos que se deslocam até Medjugorje.
Este “dossier” já se encontra na posse do Papa Francisco, que se deverá pronunciar nos próximos dias. Sabe-se que o Papa é bastante céptico em relação a Medjugorje e já fez duras críticas publicamente aos próprios videntes.
O Cardeal Müller afirmou ainda que Medjugorje deverá continuar a ser considerado um local de fé e oração porque Deus consegue recolher até onde não semeia.

Fonte: Gianluca Barile, Vaticanista
Adenda: 
 
  • - A última palavra sobre este assunto, tal como todos os que se referem à Igreja Universal, cabe ao Santo Padre. 
  • - A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) não pôs em causa os bons frutos de Medujgorge nem o ambiente de oração e amor aos Sacramentos que lá se vive. 
  • - As suspeitas da CDF recaem exclusivamente na falta de credibilidade que a comissão apontou aos videntes de Medjugorje, e é a esses que os fiéis católicos devem evitar seguir.
  • - Já há 2 anos atrás a CDF tinha emitido uma nota aos bispos americanos, na qual avisava que: “Não é permitido, tanto a clérigos como a leigos, participar em encontros, conferências ou celebrações públicas nos quais a credibilidade de tais ‘aparições’ (Medjugorje) seja dada como garantida.”
 Fonte: http://senzapagare.blogspot.com.br/2015/06/cdf-diz-que-as-aparicoes-de-medjugorje.html

“Ideologia de Gênero tenta minar a Família”, afirma Dom Manoel Delson

Autor: Márcia Marques
Muito se tem falado a respeito da Ideologia de Gênero que vem sendo discutida e colocada em votação dentro dos Planos Municipais de Educação. Porém muitas pessoas desconhecem o assunto ou estão mal informadas a respeito. Segundo os defensores da Ideologia de Gênero, as pessoas não nascem homem ou mulher. A diferenciação sexual, segundo a IG, seria apenas um acidente anatômico que “convencionalmente” são tidos como masculinos ou femininos. A “suposta” identidade sexual é, para os defensores da IG, uma mera imposição do ambiente em que as pessoas são educadas.
A Igreja Católica posiciona-se contrária à Ideologia de gênero, defendendo a condição natural de homem e mulher. Sobre o assunto, o bispo de Campina Grande, Dom Manoel Delson, acredita que ideologias de grupos minoritários não podem ser impostos à maioria, e que não se pode tirar da família o direito de educar os seus filhos dentro de suas crenças. Diz o Bispo:
“Estamos vivendo um tempo muito complexo e muita coisa está acontecendo sem que as pessoas reflitam profundamente sobre o seu significado. A ideologia de gênero é uma destas novidades: bandeira de grupos que têm seus objetivos e que a população de um modo geral não se dá conta. Na verdade, o foco desta ideologia é a família, que é a célula da sociedade e que tem a responsabilidade de gerar e formar o ser humano. A ideologia de gênero tenta minar a família, tirando dos pais a responsabilidade de educar os filhos, porque afirmam que ninguém nasce homem ou mulher. A dimensão biológica, natural, não tem nenhum valor. Depois que crescer é que o adolescente vai escolher seu sexo. Este tipo de aberração é defendido por setores da sociedade e por gente infiltrada no Ministério de Educação. Ainda bem que os deputados federais votaram contra, mas agora estão tentando colocar nos Planos de Educação dos Municípios. Se uma coisa desta natureza se transformar em Lei, o ser humano está perdido. Irá virar objeto de manipulação dos ideólogos do sistema escolar e dos poderosos que se colocam no lugar de Deus e acham que podem fazer o que querem com o ser humano. Que Deus nos defenda desta ideologia e das ações dos seus inventores.”
CAMPINA GRANDE
A Ideologia de Gênero foi vetada do Plano Municipal de Educação de Campina Grande, colocado em votação no último dia 9 de junho. A maioria dos vereadores votou a favor da retirada da Ideologia de Gênero. O vereador presidente da Casa, Antônio Pimentel Filho, apresentou aos demais vereadores a proposta, desconhecida por muitos, e, após analisarem, votaram contra.
A Emenda que trazia a proposta da IG está entre as sete que foram rejeitadas. Outras 10 foram aprovadas. Para outras informações a respeito do Plano Municipal de Educação, acesse a página da prefeitura.

Depois dos municipais, agora são os “planos estaduais de educação” e a questão do gênero.

15175792
Pressionados pelas bancadas religiosas e com respaldo das igrejas evangélicas e católica, deputados de ao menos oito Estados retiraram dos Planos Estaduais de Educação referências a identidade de gênero, diversidade e orientação sexual. Esses planos traçam diretrizes para o ensino nos próximos dez anos.
Entre os trechos vetados estão metas de combate à “discriminação racial, de orientação sexual ou à identidade de gênero”, censos sobre situação educacional de travestis e transgêneros e incentivo a programas de formação sobre gênero, diversidade e orientação sexual.
As bancadas religiosas afirmam que essas expressões valorizam uma “ideologia de gênero”, corrente que deturparia (sic) os conceitos de homem e mulher, destruindo o modelo tradicional de família.
Já os que defendem a manutenção dessas referências dizem que as escolas precisam estar preparadas para combater a discriminação de gênero e para dar formação básica sobre sexualidade.
O plano inclui temas como número de alunos por sala e remuneração de professores, mas a questão do gênero acabou dominando a discussão.
Dos 13 Estados onde já foi aprovado, 8 eliminaram trechos que faziam referências à discussão de gênero, como Pernambuco, Espírito Santo, Paraná e Distrito Federal.
Há casos, como Pernambuco, em que o plano manteve só em parte as referências. “O Brasil não está preparado para isso”, disse o deputado Pastor Cleiton Collins (PP).
O secretário de educação da ABGLT (associação de lésbicas e gays), Toni Reis, discorda. “Os valores têm que ser dados pela família, mas a escola não pode permitir discriminação”, afirma.
Até em Estados onde o plano ainda não chegou ao Legislativo, como Minas Gerais e Alagoas, há polêmica. Em Minas, o deputado estadual Leandro Genaro (PSB) disse que “ideologia de gênero é uma praga que veio do marxismo, passa pelo feminismo e visa destruir a família tal qual nós a conhecemos”.
No Espírito Santo, o deputado Padre Honório (PT) esteve à frente das mudanças no texto, que vetaram menção a gênero. “Havia um trecho que citava classe social, orientação sexual e gênero. Retiramos, pois quando se trata de ‘respeito às diferenças’, já subentende-se essas coisas”, diz o deputado.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nota em que afirma que “a introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias”.
ADESÃO
Um ano após a criação do Plano Nacional de Educação, pouco mais da metade das cidades brasileiras (2.942) tem um plano local para o setor.
Outros 707 municípios já têm a lei aprovada, pendente apenas de sanção do prefeito. A lei nacional prevê que Estados e municípios deveriam “elaborar seus correspondentes planos” em um ano, prazo que vence nesta sexta-feira (26).
“O prazo foi muito exíguo, mas pela primeira vez temos um movimento simultâneo no país”, afirma Alessio Lima, presidente da Undime (entidade que reúne dirigentes municipais de educação).
“É uma questão que entrou na pauta”, afirma Alejandra Velasco, coordenadora da ONG Todos pela Educação.
O PNE definiu metas para a educação ao longo da próxima década, até 2024, mas apontou objetivos mais imediatos, como a aprovação, já em 2015, de uma Lei de Responsabilidade Educacional.
A intenção é responsabilizar os gestores pela qualidade da escola pública.
Entre as metas do PNE está a ampliação do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) para mestrado e doutorado. Neste ano, no entanto, o programa teve forte redução de contratos firmados.

Fonte: Folha de São Paulo

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Síria: inaugurada primeira mesquita dedicada a Virgem Maria

mesquita maria
Justamente em um dos países onde a liberdade religiosa está mais seriamente ameaçada, foi construído o primeiro lugar de culto do mundo islâmico dedicado à Virgem Maria. Trata-se da nova Mesquita Al-Sayyida Maryam, localizada na cidade costeira de Tartous, segundo porto da Síria, inaugurada no último sábado (6/6).

Al-Sayyida Maryam é um dos diversos nomes árabes da Mãe de Jesus, como recordou na cerimônia de inauguração o Ministro para os Bens religiosos e Culturais, Mohammad Abdel-Sattar al-Sayyed. Esta iniciativa – disse ele – é “um sinal da abertura daquele Islã afastado das desvios e  extremismos”. O Delegado do Patriarcado Maronita de Tartous e Lattakia, Antoine Dib, também presente na cerimônia, declarou-se “orgulhoso pela iniciativa”, desejando que o gesto possa representar uma esperança de paz para cada lugar do país.
A dedicação de uma mesquita a Nossa Senhora poderia parecer um anacronismo, mas não é. No Alcorão, de fato, existe uma autêntica veneração a Virgem Maria. Um dos maiores estudiosos católicos contemporâneos sobre este tema, o franciscano florentino Giulio Basetti-Sani (1912-2001), discípulo do orientalista Louis Massignon, dedicou a sua vida à difusão do conhecimento sobre a religião islâmica, sentida por ele como uma “fé irmã”. Um de seus conhecidos livros intitula-se “Maria e Jesus filho de Maria no Alcorão”. Após séculos de incompreensões e preconceitos, o religioso desenvolveu sua obra na esteira de São Francisco de Assis e de seu programa missionário voltado ao encontro com os muçulmanos.
A teologia muçulmana não concebe Deus como pessoa. Assim nos seus 99 nomes, falta a palavra “Pai”. Portanto, impensável também um “Filho de Deus”. A Virgem Maria, no entanto, é apresentada como “escolhida por Deus” e “eleita entre todas as mulheres da Criação” (Sura 3,42). Jesus não é filho de Deus, mas “filho de Maria” (‘Isa ibn Maryam’), lê-se nos versículos 34-36 da Sura 19, onde é narrado o acontecimento de uma virgem que, afastando-se da família, tem um filho (‘Masîh’, o ‘Ungido’, um dos nomes tradicionais de Jesus), ‘dom’ de Alá que ‘cria aquilo que quer’.
A este respeito, recorda-se que já há alguns anos no Líbano, o 25 de março (Festa da Anunciação para a Igreja Católica) foi proclamado, após longas tratativas conduzidas pelo Comitê islâmico-cristão, Festa Nacional.
O fundador do Instituto da Caridade, o beato Antonio Rosmini-Serbati (1797-1855), um dos maiores filósofos italianos do século XIX, foi autor da obra “As cinco chagas da Santa Igreja” (1832). Neste período pré-Concílio, quando os seguidores de Maomé eram colocados pela Igreja entre os “infiéis”, seguidores de uma “falsa religião”, Rosmini, apoiado pelo Cardeal Castruccio Castracane dos Antelminelli, publicou o texto “Sobre testemunhos dados pelo Alcorão a Virgem Maria”, desconsiderado na época, mas que no decorrer do tempo e ainda hoje desempenha um papel no diálogo inter-religioso a partir do reconhecimento comum da maternidade de Maria (sancionada pelo Concílio de Éfeso, em 431). (JE/Vatican Insider)

Em Papua-Nova Guiné Bispo enfrenta difícil e perigoso percurso para administrar sacramentos.

view (1)
Os Bispos também são missionários. Esta é possivelmente a primeira ideia que os seguidores do Bispo de Mendi, Papua-Nova Guiné, pensaram ao ver suas publicações no Twitter na Solenidade de Corpus Christi. A imagem de uma frágil ponte artesanal pendente sobre um caudaloso rio pode dar aos fiéis uma ideia dos distintos caminhos que percorrem os pastores para apascentar seus rebanhos em regiões distantes.
Dom Donald Lippert, que além de Bispo é religioso capuchino, visitou a paróquia de São Miguel na região de Kurumb. Seu objetivo, encontrar-se com “quase 200 jovens (e alguns jovens de coração)”, segundo expôs ele mesmo aos jornalistas da Catholic News Service. O prelado relatou o entretido -se podemos chamar assim- itinerário de seu percurso.
Levar a Eucaristia e o Espírito Santo
“Depois de uma hora e meia através de estradas de montanhas e belas paisagens, chegamos tão distante como podíamos pela estrada”, expôs o Bispo. “Deixamos o carro e começamos a caminhar”. Mais adiante, chegaria ao lugar da célebre fotografia: “Antes de começar a subir a montanha, devíamos passar o rio Lai, sobre uma ponte pendente e frágil. Tratava de não olhar para baixo, porque a água correndo debaixo me fazia ficar um pouco tonto, mas haviam grandes vazios entre as tábuas, de forma que não podia evitá-lo”.
view
Dom Lippert comentou que se recordou que os habitantes do lugar usam essa ponte de forma habitual e já não sentem medo pelas evidentes falhas do mesmo e se animou a continuar seu caminho para levar o Sacramento da Confirmação aos fiéis que o esperavam. Depois de uma hora e meia caminhando, os jovens da comunidade originária local receberam ao prelado com expressões de sua cultura e lhe presentearam com um penacho de plumas como símbolo do reconhecimento sua autoridade como cabeça da Igreja no lugar.
O prêmio deste esforço foi celebrar a Solenidade de Corpus Christi e explicar aos fiéis a importância da “Eucaristia como alimento para nosso caminho e o Espírito Santo como fogo para nossa missão de levar a Boa Notícia a todos”, expôs o Bispo. “Alguns estavam visivelmente comovidos neste importante momento de suas vidas. Seus olhos estavam cheios de esperança e da promessa de uma vida vivida no Senhor apesar de muitos desafios e dificuldades”.
Depois da celebração, ainda esperava a Dom Lippert a segunda parte de seu extenuante percurso, apesar da sensação geral do prelado ser bem diferente. “Começamos nosso caminho para descer da montanha. Devo confessar que, nesta e em outras ocasiões similares, me senti um pouco como Pedro, Santiago e João devem ter sentido quando caminharam com Jesus descendo de volta do monte Tabor, depois de ter experimentado a glória da Transfiguração”. (GPE/EPC)

Vaticano: Papa Francisco assina 298ª encíclica na história da Igreja

^ca11d94975e7241791ea917f7d7a13a2a46005303e298ced7b^pimgpsh_fullsize_distr
O Papa Francisco vai publicar esta quinta-feira a encíclica ‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’, 298.º documento do gênero na história da Igreja Católica.
A encíclica, grau máximo das cartas pontifícias, tem um âmbito universal, onde o Papa empenha a sua autoridade como sucessor de Pedro e primeiro responsável pela Igreja Católica.
Entre os principais documentos do atual pontificado estão a encíclica ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), na qual Francisco recolhe reflexões de Bento XVI, e a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho).
A palavra ‘encíclica’ vem do grego e significa ‘circular’, carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma, com um âmbito universal, onde empenha a sua autoridade primeiro responsável pela Igreja Católica.
O Papa mais prolífico neste tipo de cartas é Leão XIII, com 86 encíclicas – embora muitos desses textos fossem, nos nossos dias, classificados como Cartas Apostólicas ou Mensagens; São João Paulo II escreveu 14 encíclicas e Bento XVI três.
O título de uma encíclica é o começo do texto, na sua versão oficial em latim, e procura, de forma genérica, ensinar sobre um tema doutrinal ou moral, avivar a devoção, condenar os erros ou informar os fiéis sobre eventuais perigos para a fé.
Quando tratam de questões sociais, econômicas ou políticas, são dirigidas, normalmente, não só aos católicos mas também a todos os homens e mulheres de boa vontade, prática iniciada pelo Papa João XXIII com a sua encíclica ‘Pacem in terris’ (1963).
A encíclica é uma forma muito antiga de correspondência eclesiástica, dado que na Igreja nascente os bispos enviavam frequentemente cartas a outros bispos para assegurar a unidade entre a doutrina e a vida eclesial.
Bento XIV (1740-1758) reavivou o costume, enviando “cartas circulares” a outros bispos, abordando temas de doutrina, moral ou disciplina que afetavam toda a Igreja.
Com Gregório XVI (1831-1846), o termo encíclica tornou-se de uso geral.

Pregação do Monsenhor Jonas Abib no Retiro Mundial dos Sacerdotes, em Roma.

pj

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Meus irmãos, o tema que me foi dado para esta pregação é: ‘Deixe o amor de Deus transfomar você’. Essa é a grande realidade que Deus quer fazer nestes dias e nesta manhã. Deus vai fazer isso e Ele quer fazê-lo! Ele está vindo como chuva, por isso não abra o guarda-chuva.
Eu recebi este tema, porque, com alegria, eu sou uma pessoa transformada pelo amor de Deus. Eu já completei, graças a Deus, 50 anos de sacerdócio, agora, no dia 8 de dezembro de 2014. Nesses 50 anos de vida sacerdotal eu fui muito realizado, com sofrimentos, houve reveses, mas eu não trocaria nada por esses 50 anos! Eu realmente começaria tudo de novo, como se hoje fosse o dia da minha ordenação. Quando eu completei os 50 anos de ordenação sacerdotal, eu tomei a passagem da 1 Timóteo 1,12: “Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério”. Eu posso dizer esta passagem também a respeito de você, sacerdote. Meu irmão, que você realmente tenha um ministério muito fecundo e cheio da graça de Deus!
Doença, ordenação sacerdotal e encontro pessoal com Jesus
No meu último ano de teologia, eu deveria me ordenar no fim daquele ano; no entanto, surgiu uma doença muito estranha: eu não conseguia ver direito, algo deixava minha vista embaralhada e tinha muitas dores de cabeça. Fui a vários médicos, de clínico geral a psiquiatra, para ver o que é que eu tinha e ninguém descobria. Alguns me deram vários remédios, mas nenhum deles resolveu. Até que os meus superiores no mês de maio (e no Brasil o ano letivo começa no mês de março) acharam melhor que eu saísse do seminário e fosse descansar para que eu melhorasse. Daí fui para o seminário menor no Brasil, pois eu sou salesiano. Fui trabalhar na terra, cavar a terra, aguar as plantas. Era algo bom, mas passavam-se os meses e eu não melhorava.
Então viram que era melhor me mandar para um hospital da região, onde o doutor Vanderlei cuidou de mim com muito esmero, mas nem assim eu não melhorava. Ele me passou vários remédios, mas nenhum deles surgiu efeito.
Quando chegou o mês de julho daquele ano, a superiora do hospital veio me dizer que, em Lorena (SP), onde ficava o nosso Instituto de Filosofia, estava começando a primeira Mariápolis (Encontro dos Focolarinos), mas eu nem sabia o que era isso. Quando cheguei ao Instituto de Filosofia, os meus colegas disseram-me que eu não fosse participar, porque era algo chato, as pessoas ficavam cantando músicas e havia oração, pois eu estava doente. Mas depois do almoço, eu não aguentei e fui até lá bem devagar. Quando eu cheguei lá, um rapaz disse-me que eu ficasse atrás da cortina porque havia um rapaz dando um testemunho. E esse rapaz de Pernambuco dizia, em seu testemunho, a respeito de Deus na doença. Ele explicou que era o encarregado daquele encontro e teve uma intoxicação durante a viagem, por isso teve de parar na Bahia e lá ficou mais de 15 dias no hospital. E ele se perguntava: “O que Deus está querendo?”. Ele não era capaz de saber o que estava acontecendo, principalmente por ser o responsável da organização do encontro. Mas ele disse confiar em Deus e estar certo de que Ele estava naquela situação. Aquelas palavras foram me tocando profundamente, porque era também a minha pergunta: “O que é que Deus está querendo da minha vida?”. No último ano de seminário, depois de quinze anos (porque nós, salesianos, fazemos quinze anos de seminário), às vésperas de minha ordenação, eu não sabia mais se iria ser ordenado ou não. Depois disso, entrei na sala do encontro e vi que não tinha nada de chato e fui me envolvendo. Numa das noites do encontro, eu estava sozinho no meu quarto, abri a Bíblia e caiu no Evangelho de São Matheus 16, no qual Jesus pergunta aos apóstolos: “E vós quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mateus 16,15).
Meus irmãos, aquela pergunta de Jesus foi para mim! Eu senti Jesus dizendo: “Jonas, quem sou eu para você!”. Eu não sei o que aconteceu comigo naquele momento, quando eu vi estava ajoelhado no chão e ali me entregava para Deus. Só depois é que percebi que ali foi o meu encontro pessoal com Jesus. Mesmo sem dizer essas palavras, o meu ser inteirinho dizia para Jesus: “O Senhor é o Cristo, o Filho de Deus vivo!” Eu continuei aquela Mariápolis, mas estava diferente, até então eu estava muito desanimado, porque a resposta de Deus não acontecia e a minha doença não mudava em nada. Contudo, depois daquele encontro, sozinho no meu quarto, com essa passagem bíblica, havia ânimo, coragem, alegria e ímpeto dentro de mim. Eu tive a coragem de ir ao meu superior e dizer a ele: “Eu não posso ser ordenado?”. Eu tinha quase certeza de que ele diria “não”, mas ele me disse: “Se você fizer os exames no primeiro semestre e passar, você poderá ser ordenado”. Aquilo me deu mais ânimo ainda, então me despedi das pessoas e voltei para o seminário a fim de começar tudo de novo. Daí fui estudar para os exames e a dor de cabeça continuava. Foi muito difícil estudar por essa razão, mas estudei o máximo que eu pude. Chegou o dia de prestar os exames e, como aqui na Europa, os exames foram feitos oralmente, primeiro pela minha dificuldade, segundo porque assim eles poderiam me perguntar tudo o que queriam. Para a minha alegria, eu passei no exame e abriram-se as portas para a minha ordenação. Isso era no fim de novembro, e a minha ordenação seria no dia 8 de dezembro. Eu fui com toda a vontade rumo à minha ordenação.
Agora eu volto atrás novamente para você entender: ali aconteceu o meu encontro pessoal com Jesus que mudou o rumo da minha vida. Eu estava começando a experimentar as mudanças, e a grande mudança foi aquela: era quase um milagre eu me ordenar e eu estava às portas da ordenação. Você que é padre sabe do que estou falando, porque tive que correr com os paramentos, os objetos, cálices e convites na última hora, pois não estava preparado, nem tinha certeza [de que seria ordenado]. Mas porque eu tive o meu encontro pessoal com Jesus tudo mudou. E graças a Deus, como eu contei, no dia 8 de dezembro de 1964, eu me ordenei com mais 16 colegas de teologia.
A importância do encontro pessoal com Jesus
E o que eu quero destacar aqui é a importância de termos o nosso encontro pessoal com Jesus, principalmente nós, sacerdotes. Porque eu me encontro com alguns sacerdotes que ainda não tiveram o seu encontro pessoal com Jesus. E nós estamos em um retiro para sacerdotes, e o que Deus mais quer é que nós, sacerdotes, tenhamos um encontro com Ele. É o título da palestra: “Deixe o amor de Deus transformar você!”, e como o amor de Deus vai transformar você? Dando a você a graça de ter o encontro pessoal com Jesus. Quantos sacerdotes, até mesmo com anos de sacerdócio, têm muitas dificuldades e até mesmo de situações de pecado, porque ainda não tiveram a transformação que se dá com o encontro pessoal com Jesus. E a primeira coisa que o sacerdote precisa é ter o seu encontro pessoal com Jesus, porque ele vai ser outro Cristo no mundo. E se ele é outro Cristo pelo sacerdócio, é urgente, é necessário e imprescindível que ele tenha um encontro pessoal com Jesus.
Eu rezo por você, sacerdote: “Eu estou pedindo, Senhor, que todos estes meus irmãos no sacerdócio tenham este encontro pessoal Contigo, Jesus. Se eles não tiveram essa graça é porque não a quiseram. E com o encontro pessoal com Jesus que aconteça toda uma mudança e que eles tenham esse encontro pessoal com o Senhor!
Reze agora você, sacerdote: “Eu quero ter um encontro pessoal Contigo, Jesus. Conceda-me este encontro. Eu preciso deste encontro para ter uma vida renovada. Eu preciso ser um sacerdote novo, Senhor!“.
O trabalho com os jovens e a tuberculose
Passaram-se os anos e, graças a Deus, justamente por causa deste encontro pessoal que tive com Jesus, eu ingressei em um trabalho muito lindo. Eu fui para o colégio salesiano, onde havia uma paróquia, e fomos os primeiros no Brasil a presidir a Santa Missa para jovens. Começamos a fazer isso em 1965 e 1966 e, como não havia música própria para os jovens cantarem nas Celebrações Eucarísticas, como eu já era músico e maestro, eu mesmo as tocava no piano. Com isso, foram vindo as músicas e eles gostavam muito delas e a igreja, que era grande, ficava lotada de jovens. E mais que isso: após a Santa Missa tínhamos formação humana e espiritual com muito conteúdo sobre o Evangelho e eu os convidava a viver aquela passagem bíblica durante a semana. E o interessante é que não havia o costume de pegar a Bíblia naquela época [para fazer esse tipo de leitura e meditação]. Depois, no próximo encontro, eles partilhavam o que viviam. E cada vez mais, foi crenscendo a vivência do Evangelho entre todos. E fui vendo que era necessário que aqueles jovens também tivessem o seu primeiro encontro pessoal com Jesus.
Então organizamos um encontro [para promover essa graça], que foi muito sofrido para ser realizado por falta de compreensão das pessoas. Houve muitas contradições e maledicências, por isso fui chorando para o lugar do encontro, mas fomos. Lá tivemos momentos de oração, palestras, trabalho de grupo e celebrações da Eucaristia e momentos de confissões. E como éramos apenas dois sacerdotes, íamos noite e madrugada afora confessando aqueles jovens. No dia seguinte, quando o encontro terminou, eu pedi que cada um dissesse o que foi aquele encontro de oração. E o lindo é que diziam: “Eu tive o meu encontro pessoal com Jesus” e “Eu tive uma trombada com Jesus”. E não ficamos falando muito do encontro pessoal com o Senhor, mas mais sobre a Palavra, a doutrina da Igreja e sobre sacramentos, demos testemunhos e, no final, eles se expressavam assim.
Meus irmãos, foi algo empolgante e, a partir daquele encontro, mais jovens queriam fazê-lo. Por fim, de quinze e em quinze dias, continuamos a fazer os encontros, nos quais eu pregava, ministrava música e também confessava os participantes. E continuava todo o meu trabalho no colégio onde eu estava. Conclusão: por causa de todo este meu trabalho eu fiquei tuberculoso. E o mais difícil foi ver todo o meu trabalho cortado. Eu fui para o sanatório e, durante aquele mês, fiquei tranquilo, no quarto, tomando as injeções e foi um mês inteiro assim. Eu diria que eu estava “comportado”. Mas passado esse tempo, eu comecei a andar nos outros quartos e reparei que 80% deles eram jovens. Eu não me contive, eu que havia sido “comportado” até aquele momento, comecei a conversar com eles e a criar confiança, logo eles começaram a se confessar comigo e a contar situações dolorosas. Eu travei uma grande amizade com eles e fui percebendo que eles desejavam mais, pois também não tinham tido o seu encontro pessoal com Jesus. Chegando o Natal, a minha pergunta era esta: “O que vamos fazer com estes jovens?” E eles disseram: “Nós queremos uma Missa!”. Pensei que, por serem tuberculosos, a Santa Missa seria mais cedo, mas eles disseram: “Vamos fazê-la à meia-noite!”. E realmente as irmãs que cuidavam do sanatório permitiram e ensaiei com eles as músicas, ora com violão ora com teclado. E fizemos a Missa, as vozes desses tuberculosos ressoavam pelo sanitário e foi uma glória.
Então já comecei a pensar: “Vamos fazer um encontro para estes jovens aqui no sanatário”. Era uma loucura, mas eu me arrisquei; marquei por telefone com os pregadores para fazermos este encontro. E aconteceu um grande encontro no salão do sanatório. Foi como os outros encontros, mas com jovens tuberculosos. E eu confessava todos, porque só tinha eu de padre. E depois do encontro, você via que no semblante e no coração deles havia uma alegria nova. Eram outras pessoas. E no fim eles testemunhavam: “Eu tive aqui o meu encontro pessoal com Jesus”.
O que eu vi era o Senhor repetindo na minha vida e na vida dos jovens o que Ele fez por mim naquela Mariápolis. Só que aconteceu algo muito interessante. O médico, que cuidava pessoalmente de mim, mandou chamar o meu superior e lhe disse: “Se o senhor quer que este padre se cure, tire-o do sanatório”. E o médico foi tão incisivo que o meu superior viu que, se era para eu ser curado, eu precisava sair de lá, porque, no sanatório, eu trabalhava tanto quanto eu trabalhava antes. Então o meu superior me removeu para outro colégio, decisão que eu aceitei, mas com muita dor, porque estava pondo fim ao trabalho que eu fazia com os jovens nos encontros.
Passou-se um tempo e vi que não voltaria mais para o meu trabalho anterior, tudo aquilo já era findo. E com isso, cresceu em mim um grande sentimento de ressentimento e mágoa. No fundo, uma revolta com meus superiores, eu não queria, mas sentia isso e estava magoado. Eu que havia tido a graça do encontro pessoal com Jesus, já não tinha mais aquela alegria e entusiamo. E principalmente eu já não rezava mais, somente rezava o Ofício Divino, mas mal ainda. Você imagina um padre que não reza?
O batismo no Espírito Santo
O interessante é que eu tive um propósito como inspiração de Deus: rezar, antes de dormir, o Veni Creator: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra […]”. Algumas vezes, essa era a única oração do dia, era esta e nada mais. Lá naquele colégio para onde eu fui, havia um grupo de jovens, que passaram pelos encontros que tinham feito. Aos poucos eu fui me aproximando e cuidando deles, porque percebi que necessitavam. Não podia exagerar, mas cuidava deles. E nesse grupo de jovens não havia ações nem atividades. Eram bons, mas sem ação. Então eu convidei o padre Irineu Danelon, que é hoje bispo no estado de São Paulo, para fazer uma palestra sobre ação. Quando ele chegou, pegou a Bíblia e abriu no livro dos Atos dos Apóstolos, que mostra a presença e a ação do Espírito Santo, e foi mostrando passagem por passagem. Aquelas passagens eu conhecia, mas elas tiveram uma incisão diferente na minha vida naquele momento, parece que saltavam aos meus olhos ao ver a ação do Espírito Santo nas pessoas, na Igreja e na sociedade da época.
Então eu pedi que o padre Irineu fizesse uma pregação sobre ação e ele fez sobre a ação do Espírito Santo. E era disso que aqueles jovens e eu precisávamos. Tanto assim que não consegui ficar até o fim da palestra, saí pelo fundo da sala e fui à capela e disse ao Senhor: “Senhor, eu não estou entendendo mais nada. Eu peço para fazer uma palestra sobre a ação, padre Irineu faz sobre ação do Espírito Santo. Mas eu sinto que é disso de que eu preciso. Neste momento eu estou precisando disso. Então se é disso mesmo que eu preciso, concede-me, Senhor!”.
Fiquei mais um bom momento na capela, no intervalo e na celebração da Santa Missa. E quando terminou a Missa, os jovens foram embora e eu fui fechando as portas e janelas do colégio, quando tocou o telefone. Era um padre redendorista da cidade vizinha de Aparecida (SP), a Padroeira do Brasil, que me pedia: “Estou sabendo que o padre Haroldo Rahm vai fazer uma experiência de oração aí no colégio de vocês, eu queria que você arrumasse duas vagas para os colegas meus que vão participar”. Eu disse para ele: “Vou arrumar!”, mas eu nem sabia a respeito desse encontro com o padre Haroldo Rahm. Esse sacerdote é um apóstolo do Brasil, um sacerdote norte-americano que trabalhou no início com os jovens e depois conheceu a Renovação Carismática Católica. Ele percorria o Brasil fazendo essas experiências de oração no Espírito Santo. Padre Irineu falou sobre a ação do Espírito Santo e padre Haroldo fazia a experiência com o Paráclito. E eu, que não rezava mais com antes, disse para mim mesmo: “Eu vou participar!”.
Na véspera deste encontro, o meu superior veio me dizer: “Amanhã você precisa celebrar a Santa Missa na cidade vizinha” (porque era 2 de novembro) e à tarde vamos ter reunião dos professores”. Então toda a minha expectativa de participar daquele encontro caiu por terra, e pensei: “Meu Deus, o que acontece? O Senhor me mostra que eu preciso, mas quando está à minha frente eu não posso mais participar!”. Naquela noite, eu poderia dizer que estava revoltado, por isso fui rezar: “Vinde, Espírito Santo!”,  foi como uma água fria que caía em mim e eu rezava: “Senhor, eu me entrego. E vou obedecer! Eu não posso participar, mas vou para a Missa e para a reunião”. E o bonito é que já não estava mais revoltado, fui dormir tranquilo. E na manhã seguinte, quando eu me levantei para ir presidir a Santa Missa, me deram o recado: “Padre Haroldo está aí e quer conversar com o senhor”. Fui lá e conversamos um pouco, sabendo que tinha que realizar a ordem do meu superior. Mas quando começou aquele encontro, o meu superior disse para mim: “Pode participar!”, e logo percebi que Deus tinha me atendido o pedido. Foi só um dia de retiro e no fim da Missa, o padre Haroldo disse: “Se vocês quiserem, eu imponho as mãos sobre vocês pedindo a efusão do Espírito Santo, da qual eu falei”. Porque nos seus testemunhos, ele explicava o que a Renovação Carismática Católica (RCC) estava fazendo no mundo em 1971, devido à “explosão” da renovação em 1967, que comemoraremos agora, em 2017, 50 anos.
E ele contou já naquela época o que Deus estava fazendo com a Renovação Carismática Católica e nos falou do batismo e dos dons do Espírito Santo como está na Bíblia, mas acontecendo nos tempos de hoje, e com os católicos. E eu fiquei abismado: “Mas como oração em línguas?” E acolhi. E na sacristia ele disse: “Eu imponho a mão sobre vocês para receberem o Espírito Santo”. E quando foi a minha vez, eu desejei essa graça do fundo do meu coração, eu a quis mesmo! E disse: “Deus está me dando aquilo de que eu necessito”. Só que quando o padre Haroldo chegou em mim, colocou as mãos e orou, não aconteceu nada comigo, eu fiquei do mesmo jeito, somente que, eu sendo um padre que não rezava havia muito tempo, por ressentimento e mágoa, sozinho andando pelos pátios daquele colégio, comecei a rezar como eu nunca tinha rezado na minha vida. Eu digo que era uma oração gostosa, tinha prazer e satisfação ao fazê-la. Fiquei rezando até de madrugada. Só fui para o dormitório porque de manhã eu tinha os trabalhos próprios do sacerdócio. E pela manhã, parece que as árvores tinham sido lavadas, o colégio tinha sido pintado, tudo era bonito, mas é claro, tudo estava do mesmo jeito. Dentro de mim é que tudo estava mudado. E aconteceu o que o padre Haroldo pediu: o batismo do Espírito Santo.
Digo para vocês que esta foi a grande graça na minha vida. Claro, o encontro pessoal com Jesus foi a porta de entrada e o Senhor queria me levar mais além com o batismo no Espírito. Daquele dia em diante, eu fui percebendo toda a transformação a partir da oração, porque antes eu quase não rezava. Rezava agora o Ofício Divino com prazer, a oração pessoal agora era feita com gosto. A Celebração da Eucaristia mudou totalmente, havia um fervor especial. A minha pregação mudou. Eu sempre preparei bem a minha pregação, mas, a partir daquele momento, tinha uma força diferente e um gosto novo. E até mesmo o arrependimento dos meus pecados mudou. O batismo no Espírito faz com que o Espírito Santo venha a nós e nos dê um arrependimento forte e verdadeiro. Faz com que as nossas confissões sejam substanciosas, mesmo que não tenhamos grandes pecados.
Eu saía da minha cidade e ía para a Basílica de Aparecida me confessar com grande arrependimento dos meus pecados e constato o seguinte: eu não era ainda o que eu queria ser, eu não era ainda o que Deus queria o que eu fosse, mas, graças a Deus, eu não era mais o que eu era antes. Deus fez uma mudança substancial na minha vida, maior ainda do que quando tive o meu encontro pessoal com Jesus.
O meu lema sacerdotal é: “Feito tudo para todos” da Carta aos Coríntios 9. E graças a Deus com o batismo no Espírito Santo, eu pude fazer muito mais, e me fiz tudo para todos. E como, para mim, o encontro pessoal com Jesus e o batismo no Espírito Santo foram as chaves, assim como o padre Haroldo ia pelo Brasil realizando as experiências de oração, eu comecei a fazê-las também.
As experiências do batismo pelo Brasil e oração final
Graças a Deus, corri o Brasil todo levando o batismo no Espírito Santo. São poucos os lugares do Brasil nos quais eu não estive: ora para momentos de oração, ora para congressos, pregações. E o mais importante: eu tinha um propósito, que é o seguinte: há um pastor evangélico pentecostal, do sul da África, que era chamado “Mister Pentecostes”, porque aonde quer que ele fosse, em suas palestras, ele fazia aquilo que lhe pediam, mas ele arrumava um jeito de falar do Espírito Santo, dos dons das línguas e rezar por eles. Pela graça de Deus, eu me tornei no Brasil um “Mister Pentecostes” indo a muitos lugares no país, estando com muitas pessoas e com grupos grandes, como em estádios de futebol reunindo de 100 a 20 mil pessoas. E o que fazia, dependendo do tema, eu falava do batismo e orava para que as pessoas fossem batizadas no Espírito Santo e orava em línguas. Eu posso dizer isso, com humildade, porque foi o Senhor quem tudo fez. Foi Ele quem tudo fez. Ele apenas me usou para levar a graça do batismo no Espírito Santo para várias pessoas. E desta vitória eu posso me levantar e dizer: “Obrigado, Senhor, porque me deu esta graça! Quero levar às pessoas o batismo no Espírito Santo e os dons do Espírito Santo, e o dom de línguas é a entrada. Eu peço, Senhor, que eu possa levar a muitos lugares esta grande graça. Eu peço aquilo que está no canto de Zacarias. Que eu seja este menino que vá levar a todos os lugares aonde o Senhor quiser: o encontro pessoal Contigo e o batismo no Espírito Santo e todos os dons do Espírito.
É isso que eu quero fazer com você. Talvez você já os tenha recebido e já use os dons do Espírito Santo, e para você que não os recebeu ainda. É graça! Não é o padre Jonas quem os dá, é graça de Deus. Poderia até testemunhar quantas pessoas que os receberam e tiveram suas vidas transformadas.
Oração do batismo no Espírito Santo
Senhor, eu imponho as minhas mãos, especialmente sobre os sacerdotes, mas também sobre os bispos com todo o respeito, porque eles receberam em plenitude os dons do Espírito Santo na ordenação episcopal, mas desta graça, Senhor, que transforma a vida e traz o apostolado, eles precisam também. Então, Senhor, eu peço: derrama o Espírito Santo sobre estes meus irmãos e irmãs para que sejam cheios e repletos! Senhor, assim com Elizeu, eu peço uma porção dobrada do Espírito Santo e que eles tenham a vida transformada. E partir do batismo que eles recebam os dons, e que eles se abram e recebam o dom de línguas e, depois, cada um dos dons a partir da fé carismática: o dom de sabedoria, de discernimento, da palavra de ciência, de curas, da interpretação da línguas, de profecia! Que todos os dons caiam sobre eles, porque como o Senhor disse: “O Espírito do Senhor repousou sobre mim”.

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

domingo, 7 de junho de 2015

Bispo divulga nota pastoral sobre o risco da ideologia do gênero no ‘plano municipal de educação'(PME).

pme-plano-municipal-de-educao-2015-2-638 (1)NOTA PASTORAL SOBRE O RISCO DA IDEOLOGIA DE GÊNERO NO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Prezados sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, fiéis cristãos leigos em geral e demais pessoas de boa vontade da nossa Diocese de Frederico Westphalen (RS), dirijo-lhes esta Nota Pastoral para expor um assunto da máxima importância nos nossos dias: a tentativa de implantação da perigosa, mas pouco conhecida, “ideologia de gênero” no Plano Municipal de Educação (PME) de nossos municípios.
Desejo, portanto, caríssimos irmãos, expor, em três pontos, uma breve orientação a fim de que cada um em seus meios lembre-se de que não fomos chamados à indiferença ante os problemas que nos afligem, mas, sim, a ser sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14), pois tudo o que, de algum modo, diz respeito ao homem de hoje, interessa à Igreja (cf. Gaudium et Spes n. 1).
  1. Ideologia de gênero: em síntese, que é?
Para levar aos queridos diocesanos uma explanação segura sobre a ideologia de gênero, divido a exposição em dois breves tópicos, ou seja, o aspecto antropológico no qual se funda a doutrina do gendere o aspecto teológico, aquele que mostra o quanto essa ideologia é malévola e contrárias aos planos de Deus.
  1. a) A face antropológica

O termo gênero (ou gender), que começou a ser difundido nas décadas de 1960 e 1970 visa revolucionar a antropologia apregoando que o sexo masculino ou feminino dado pela Biologia não tem valor, pois o que vale é a construção da identidade sexual psicológica dada pelas culturas nas diversas fases da história.
Assim, ser homem ou mulher não é característica inata, mas mero procedimento aprendido na família e na escola de cada nação, de modo que o homem poderia escolher ser mulher e vice-versa. Mais: decorre dessa ideologia tão denunciada por estudiosos de renome que “o mesmo indivíduo pode optar indiferentemente pelo heterossexualismo, pelo homossexualismo, pelo lesbianismo ou até pelo transexualismo. Não haveria, na origem de cada ser humano, um menino ou uma menina, mas um indivíduo[1]”.

Esse indivíduo escolheria – contra a Biologia – aquilo que deseja ser. No entanto, se a natureza biológica conhece somente o homem e a mulher, a ideologia de gênero apregoa que alguém pode ser homem, mulher ou neutro (nem um nem outro). Afinal, seria a sociedade com seus estereótipos que atribuiria a cada indivíduo suas funções, passando por cima das características fisiológicas de cada um.
Em suma, ninguém nasceria masculino ou feminino, mas apenas indivíduos que podem tornar-se masculinos, femininos ou neutros de acordo com a cultura de seu tempo ou com a educação recebida na escola ou em casa.
Aqui se entende a razão pela qual os ideólogos de gênero se interessam por se imporem nos planos de ensino, seja em nível nacional, estadual ou municipal: como sabem que as famílias, via de regra, abominam espontaneamente uma doutrina tão contrária à natureza, partem para a instrução artificial das crianças a fim de que elas, depois de bem doutrinadas pela ideologia de gênero, instruam seus pais e amigos… Seria o fim da família e do próprio ser humano reduzido à condição de mero peão em um sórdido jogo de xadrez[2].
  1. b) O aspecto teológico
No aspecto teológico, a ideologia de gênero é uma afronta ao projeto de Deus para a humanidade. É a criatura tentando tomar o lugar do Criador e recriar o ser humano com o sopro revolucionário mundano a fim de apagar nele, se possível fosse, o sopro divino insuflado na sua criação, conforme a linguagembíblica de Gênesis 2,7.
Em seu discurso de 21 de dezembro de 2012 à Cúria Romana, o Papa Bento XVI já lançava, corroborando com o que dissemos acima, uma ampla advertência quanto ao uso do “termo ‘gênero’ como nova filosofia da sexualidade”. Dizia ele que “o homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1,27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza”.
O Papa Bento abordou a ideologia de gênero outra vez, quase um mês mais tarde, em 19 de janeiro de 2013, dizendo que “os Pastores da Igreja – a qual é ‘coluna e sustentáculo da verdade’ (1Tm 3,15) – têm o dever de alertar contra estas derivas tanto os fiéis católicos como qualquer pessoa de boa vontade e de razão reta”. Isso é o que, na condição de Bispo desta Diocese de Frederico Westphalen, faço com esta Nota Pastoral no cumprimento de um grave dever de consciência, diante de Deus, da Igreja e da sociedade em geral.
Também o Papa Francisco, na Audiência Geral de 15 de abril último, disse algo muito importante e pontual sobre o tema que estamos tratando. Falava ele: “Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela. Neste caso, corremos o risco de retroceder”.
“A eliminação da diferença, com efeito, é um problema, não uma solução. Para resolver seus problemas de relação, o homem e a mulher devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se e amando-se mais”.
Em suma, tentar distorcer os planos divinos nunca leva o ser humano à maior felicidade; ao contrário, o conduz a não poucos e nem pequenos desatinos, conforme os que vemos hoje em quaisquer noticiários, frutos amargos da rejeição de Deus em seus santos desígnios de amor para conosco.
  1. O direito e o dever do católico se manifestar
É certo que ao tomarem conhecimento desta Nota Pastoral, alguns poderão repetir um velho chavão muito usado quando lhes convém. É o seguinte: no Estado laico não há lugar para a fala da Igreja ou dos fiéis católicos. Ora, a esse pensamento seletista e excludente – que não é laico, mas laicista ou perseguidor da religião – o Compêndio da Doutrina Social da Igreja responde, em seu n. 572: “O princípio da laicidade comporta o respeito de toda confissão religiosa por parte do Estado, ‘que assegura o livre exercício das atividades cultuais, espirituais, culturais e caritativas das comunidades dos crentes. Numa sociedade pluralista, a laicidade é um lugar de comunicação entre as diferentes tradições espirituais e a nação’[3]”.
“Infelizmente permanecem ainda, inclusive nas sociedades democráticas, expressões de laicismo intolerante, que hostilizam qualquer forma de relevância política e cultural da fé, procurando desqualificar o empenho social e político dos cristãos, porque se reconhecem nas verdades ensinadas pela Igreja e obedecem ao dever moral de ser coerentes com a própria consciência; chega-se também e mais radicalmente a negar a própria ética natural.”
“Esta negação, que prospecta uma condição de anarquia moral cuja consequência é a prepotência do mais forte sobre o mais fraco, não pode ser acolhida por nenhuma forma legítima de pluralismo, porque mina as próprias bases da convivência humana. À luz deste estado de coisas, ‘a marginalização do Cristianismo não poderia ajudar ao projeto de uma sociedade futura e à concórdia entre os povos; seria, pelo contrário, uma ameaça para os próprios fundamentos espirituais e culturais da civilização’” [4].
Portanto, argumentar que o Estado sendo laico não pode acolher a opinião das pessoas de fé e de boa vontade, é defender o laicismo mais agressivo e intolerante para com milhões de cidadãos consideradas por esses argumentadores como pessoas de segunda classe: serviriam para eleger seus representantes, mas não poderiam cobrar deles uma educação capaz de levar em conta a lei natural moral em um tempo no qual nossas crianças e adolescentes mais precisam de retas e sadias orientações.
  1. Conclamação aos fiéis católicos e pessoas de boa vontade
Desejo, pois, com esta Nota Pastoral, conclamar a todos para, de modo respeitoso, mas firme, se oporem, à ideologia de gênero – tão contrária aos planos de Deus – a ameaçar as crianças e adolescentes de nossas escolas.
A Igreja não está e nem se posiciona contra as pessoas, mas tem o dever grave de orientar a todos sobre os riscos e perigos que afetam o ser humano, como filhos e filhas de Deus.
Cabe aos fiéis católicos, aos cristãos em geral e às pessoas de boa vontade alertar os parentes, amigos, vizinhos etc. a respeito dessa malévola doutrina exposta no item 1 desta Nota para que as muitas vozes contrárias à inserção da ideologia de gênero sejam ouvidas pelos ilustres representantes do povo e, consequentemente, excluída do PME (Plano Municipal de Educação) de nossos municípios.
Abençoo a todos com suas famílias desejando que São José, defensor da Sagrada Família de Nazaré, interceda por todos nós hoje e sempre.

Frederico Westphalen, 01 de junho de 2015.
+Antônio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen

Para entender o que está acontecendo, leia essa noticia:

Nos últimos dois meses, a quantidade de municípios que já cumpriram a tarefa de elaborar um plano municipal de educação para a próxima década cresceu mais de três vezes. Entretanto, o número representa só 2,6% do total. Um levantamento feito pelo G1 em 23 de março registrou que só 46 dos 5.570 municípios brasileiros haviam finalizado o plano. À época, o total era de 0,8%.
Nova consulta, feita em 28 de maio, a menos de 30 dias do fim do prazo, mostrou que esse número subiu para 150. Segundo o Plano Nacional de Educação aprovado pelo Congresso em 2014, o prazo para que todos os municípios cheguem ao fim dessa tarefa termina em 24 de junho.

Planos municipais de educação

A elaboração do plano segue uma série de etapas, que vão desde a criação de uma comissão especial para o tema até a aprovação da lei municipal, passando por etapas de avaliação e diagnóstico e de consulta à população.
Atualmente, só dois municípios brasileiros (Dourado, em São Paulo, e Brejo Grande, em Sergipe) ainda não começaram o trabalho, ou seja, não criaram a comissão responsável por elaborar o plano.
Dos demais municípios, 10,4% já formaram a comissão, 19,1% já elaboraram o diagnóstico exigido pelo processo, 28,8% já formularam um documento-base do projeto, e estão na fase da consulta pública do plano.
Outros 39% finalizaram a consulta, e agora precisam cumprir as etapas que competem ao Poder Legislativo: apresentar a lei aos vereadores, que devem debater e votar sobre o assunto. O passo final é a sanção da lei. Mas apenas em sete dos 26 estados mais da metade dos municípios já chegou à fase final. No Distrito Federal só há um município, Brasília. Lá, o plano atualmente está nas últimas etapas legislativas.

Punições

O possível descumprimento da meta por parte dos gestores não está diretamente relacionado a multas ou outras punições. Embora o PNE tenha sido aprovado há nove meses e suas regras e metas já estejam valendo, ainda não há uma regulamentação que especifique responsabilidades para os gestores que descumprirem os prazos e metas. Porém, segundo o MEC, os gestores estão submetidos a possíveis ações civis públicas, caso não sigam a legislação vigente.
Segundo a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o principal entrave dos gestores municipais na hora de elaborar o plano é o fato de que os municípios não podem fazer o projeto de forma totalmente autônoma dos planos estaduais.
Já os governos estaduais, por sua vez, também não podem definir suas estratégias e metas sem considerar as realidades dos municípios. Por isso, nos estados onde há menos municípios, o processo está mais adiantado.
Ao G1, Cleuza Repulho, presidente da Undime, afirmou que a entidade “a princípio” não pensa em pedir prorrogação do prazo para cumprir a meta. “Seria necessário um projeto de lei” para alterar a data final, explicou ela.
Nos últimos dois meses, avançou também o número de estados que já elaboraram seu plano estadual de educação.
Até 28 de maio, todos os estados já tinham criado a sua comissão, e feito o diagnóstico inicial da rede. Atualmente, 12 estados estão na fase de ouvir a população sobre o documento-base: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Outros 12 estados já estão nas etapas de criação, debate e aprovação da lei: Distrito Federal, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Desde 23 de março, o número de municípios que já finalizaram todas as etapas continua o mesmo: três (Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
Os estados que mais avançaram nos últimos dois meses foram Sergipe e Paraná, que no fim de março só haviam criado a comissão, e atualmente já estão na parte legislativa do processo.

Entenda as etapas do plano

Cada rede precisa cumprir diversas etapas antes da conclusão do plano. Primeiro, o governo local nomeia a comissão que coordenará o trabalho. A primeira função dos membros é elaborar um diagnóstico e, a partir dele, um documento-base que servirá para a elaboração da lei. Esse documento deve então ser submetido a uma consulta pública.
Após ouvir a opinião da população, a comissão precisa então elaborar o projeto de lei do plano. Depois, ele é enviado ao Legislativo (câmara municipal ou assembleia legislativa), que deve então estudar e votar.
Quando o projeto for aprovado, o último passo é a sanção do Poder Executivo.

http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/05/so-26-dos-municipios-concluiram-elaboracao-do-plano-de-educacao.html

Cidades têm até dia 24 de junho para ‘acatar ou rejeitar’ Ideologia do gênero em seu plano municipal de educação.

BannerCartilha-de-Genero
Os municípios brasileiros têm até o dia 24 de junho para aprovar seus Planos Municipais de Educação (PMEs). Uma das propostas em discussão nas cidades é a de inserção na educação infantil da Ideologia de Gênero, que combate a família natural.
Em síntese, a Ideologia de Gênero ensina que não existem diferenças naturais entre homens e mulheres. Desta forma, a referida ideologia legitima propostas estranhas como o banheiro unissex para meninos e meninas nas escolas e universidades.
“O ideólogo usa fachadas para esconder suas reais intenções. Ele nunca é sincero. No caso da Ideologia de Gênero, fazem uma conexão forçada com direitos de minorias. Na verdade, é apenas uma ideologia sem base científica que pretende desconstruir a família”, afirmou Felipe Nery, presidente do Observatório Interamericano de Biopolítica.
Felipe Nery destaca que a Ideologia de Gênero vem reforçar o relativismo que, gradualmente, nos levará ao vale-tudo da sexualidade. A pedofilia, lembrou o acadêmico, já começou a ser chamada por progressistas em outros países de “amor entre gerações”.
As audiências de discussão dos PMEs têm atraído alguns grupos militantes sem qualquer ligação com a educação. Na audiência pública de Guarulhos, por exemplo, compareceram militantes de “coletivos” da Marcha das Vadias e Marcha da Maconha.
Para ter validade legal, os PMEs devem ser aprovados pelas Câmaras Municipais.  É aí que entram as militâncias organizadas cujo trabalho é pressionar os vereadores em favor da Ideologia de Gênero e hostilizar qualquer um que se oponha.
Felipe Nery destacou que é importante que as pessoas procurem os vereadores de suas cidades, enviem e-mails, liguem nos gabinetes e expressem sua posição contrária à Ideologia de Gênero.

Mais informações: biopolitica.com.br