terça-feira, 19 de novembro de 2013

Patriarcas das Igrejas orientais reúnem-se com Papa Francisco

Uma dezena de patriarcas e arcebispos orientais vai reunir-se com o papa Francisco na quinta-feira para reflectir sobre a maneira de manter os fiéis, ameaçados pelo fundamentalismo islâmico e conflitos, nas terras de origem. 
 
Patriarcas das Igrejas orientais reúnem-se com papa Francisco

Síria, Iraque, Líbano e Egito são os locais mais problemáticos. Presentes antes da existência do Islão, as comunidades cristãs - católicos de rito oriental ligados a Roma e ortodoxos - encontram-se em situações muito difíceis, o que leva muitas pessoas a abandonar o local de origem.

Os cristãos de oriente são atualmente entre dez e 13 milhões de pessoas, representando 36% dos libaneses, 10% dos egípcios, 5,5% dos jordanos, 5% dos sírios e 1 a 2% dos iraquianos, 2% dos israelitas, 1,2% dos palestinianos, de acordo com estatística da associação francesa de ajuda aos cristãos do oriente Oeuvre d'Orient.
Depois do conclave de março, vários patriarcas manifestaram a vontade de que o papa Francisco visitasse a região e a jornada de oração pela paz na Síria, no início de setembro, foi amplamente seguida por estas Igrejas que não apoiam qualquer intervenção estrangeira.
Para a reunião anual do Conselho Pontifício para as Igrejas Orientais, que começou hoje, e para o encontro de quinta-feira com o papa foram convidados todos os responsáveis das Igrejas católicas orientais: o patriarca maronita Bechara Boutros Rai (Líbano), o bispo caldeu de Alepo Antoine Audo (Síria), o patriarca greco-melquita Gregório III Laham (Síria) e o patriarca iraquiano dos caldeus Luis-Rafael I Sako.
Vão também deslocar-se ao Vaticano o patriarca copta católico Ibrahim Isaac Sidrak, o patriarca dos arménios, o egípcio Nerses Bedros XIX Tarmouni, e o patriarca latino de Jerusalém , Fouad Twal.
Enquanto as chancelarias ocidentais repetem que os cristãos garantem a diversidade cultural da região, as Igrejas pedem aos fiéis que não vendam ou abandonem as suas terras.
Mas alguns cristãos de oriente são pressionados a emigrar, influenciados pelos grupos islamitas desejosos de introduzir a "sharia" (lei islâmica), apoiados por alguns países muçulmanos.
O patriarca iraquiano Sako denunciou à Rádio Vaticano a atribuição de vistos aos cristãos do Iraque.
"Há toda uma estratégia para ajudar os cristãos a sair do Iraque", mesmo nas zonas do norte, onde não são ameaçados", disse o patriarca, que pretende abordar este tema com o papa.
"O Médio Oriente vai ficar sem cristãos", apesar da "sua presença, qualificação e abertura serem vitais", disse.
Desde o fim do regime de Saddam Hussein, em 2003, numerosos cristãos iraquianos fugiram, identificados na propaganda islamita com os "cruzados" norte-americanos da intervenção militar internacional no Iraque.
Na Síria, são mal vistos por apoiarem o regime de Bashar al-Assad, por receio dos grupos islamitas.
Os fluxos migratórios fazem-se para a Europa, Américas, Austrália, mas também para o interior da região. Dezenas de milhares de cristãos sírios fugiram, desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011, para o Líbano, Jordânia, Turquia e norte do Iraque.
No Egito, a pequena comunidade copta católica está solidária com a grande comunidade copta ortodoxa, que se sente ameaçada pela Irmandade Muçulmana e outros grupos muçulmanos radicais.
De acordo com o diretor geral de L'Oeuvre d'Oriente, Pascal Gollnisch, os patriarcas levam para a Roma a "experiência do ecumenismo, porque quase todas as Igrejas católicas orientais têm irmãs ortodoxas".
"A forma de governo das Igrejas orientais - como um sínodo - pode também enriquecer a reflexão da Igreja de Roma sobre o seu próprio governo", disse.
No encontro deverá ser "preparada uma eventual visita à Terra Santa do papa e avaliar a situação das negociações diplomáticas com Israel", acrescentou.
Francisco foi convidado por Israel e pela Autoridade Palestiniana a visitar a Terra Santa, no próximo ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário