sábado, 7 de dezembro de 2013

A Imaculada Conceição da Virgem Maria

A definição do dogma da Imaculada Conceição constituiu um longo caminho de discernimento, no qual o “sensus fidelium” teve um papel muito importante. É uma festa de esperança, de alegria pelo imenso poder da redenção trazida por Cristo, que pôde inclusive preservar sua Mãe do domínio do pecado.

 
A Imaculada Conceição de Maria constitui, para os cristãos, uma boa notícia de esperança na libertação do pecado, trazida pela redenção de Cristo na cruz. Ao longo dos séculos, apesar das dificuldades na definição do dogma, o povo cristão acreditou e defendeu intensamente esta verdade.
Em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX (Giovanni Maria Mastai Ferretti, 1792-1878) proclamou, com a bula “Ineffabilis Deus”, o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, isto é, que Nossa Senhora foi preservada por Deus, desde o instante da sua concepção, pelos méritos da redenção de Cristo, do pecado original que todos os homens têm pela transgressão de Adão, para preparar a mais perfeita Mãe para o seu Filho.
“O mistério da Imaculada Conceição é fonte de luz interior, de esperança e de consolo”, afirmou Bento XVI durante a oração do Ângelus no dia da Imaculada, em 2010.
Sobre a pureza de Maria, Bento XVI disse, em 8 de dezembro de 2009, que “Maria Imaculada ajuda-nos a redescobrir e defender a profundidade das pessoas, porque nela existe a transparência perfeita da alma no corpo. É a pureza em pessoa, no sentido que nela espírito, alma e corpo são plenamente coerentes entre si e com a vontade de Deus”.
O Papa incentiva a dirigir-se à Imaculada com a alegria de ser seus filhos: “Cada vez que experimentamos a nossa fragilidade e a sugestão do mal, podemos dirigir-nos a Ela, e o nosso coração recebe luz e conforto”.

No caso da Imaculada Conceição, o sentir do povo fiel esteve à frente da formulação do dogma, já desde os primeiros séculos. Na Idade Média, a controvérsia chegou a extremos épicos. Por exemplo, a defesa da festa levou os monges ingleses, no século XI, a resistirem aos normandos invasores, enquanto, nas universidades do continente, professores e alunos se juramentavam com pactos de sangue em defesa da Imaculada. São numerosas as lendas medievais de aparições e visões angélicas, neste sentido.
Na Espanha, sabe-se que, já desde a época dos visigodos e sobretudo durante a Reconquista, os reis se postulavam como defensores da “puríssima concepção de Maria”. O primeiro voto à Imaculada Conceição foi feito em 1466, em Villalpando (Zamora). Os territórios da Coroa espanhola a festejavam como padroeira desde 1644 e os sacerdotes espanhóis têm, desde 1864, o privilégio pontifício de celebrar esse dia com casula azul, como reconhecimento do papel da Espanha na defesa do dogma.
Existe um grande patrimônio artístico e cultura sobre a Imaculada, especialmente nos países hispanos, no sul da Itália e nos Estados Unidos, que mostram quão profundamente repercute na vida cristã a preservação de Maria do pecado original desde a sua concepção.
O dogma da Imaculada, definido em 1854, foi recebido com grandes festejos e, poucas décadas depois, adquiriu o caráter de solenidade com vigília, como as grandes festas do calendário cristão. A Imaculada foi declarada padroeira dos Estados Unidos em 1847, pelo episcopado católico desse país. Celebra-se também, com grande solenidade e devoção, com grandes festas e procissões, na Argentina, Panamá, Colômbia, Peru, Equador, Chile, Guatemala, México, Nicarágua e Brasil.

Muitos santos falaram com ternura da Imaculada. Um deles foi, por exemplo, São Maximiliano Kolbe, quem afirmou que “o Espírito Santo mora nela, vive nela e isso desde o primeiro instante da sua existência, sempre e para a eternidade”. É tradicional que, no dia 8 de dezembro, o papa reinante se dirija à Praça da Espanha, de Roma, para homenagear a imagem da Virgem Imaculada.
Ao ter sido preservada imune de toda mancha de pecado original, a Puríssima Conceição permanece diante de Deus, e também diante da humanidade inteira, como o sinal imutável e inviolável da escolha por parte de Deus. Esta escolha é mais forte que toda a força do mal e do pecado que marcou a história do homem, uma história em que Maria aparece então como “sinal de esperança segura”.
Por outro lado, em Maria resplandece a santidade da Igreja que Deus quer para todos os seus filhos. Nela, a Igreja já chegou à perfeição e, por isso, recorre a Ela como “modelo perene” (em palavras da carta encíclica “Redemptoris Mater”), em quem já se realiza a esperança escatológica da vida futura.
Além disso, Maria permaneceu fiel à sua natureza imaculada e se tornou, para todo ser humano, um modelo de qualquer virtude representada em grau sumo, destacou o ministro geral dos Frades Menores, José Rodríguez Carballo, acrescentando que “Maria é uma mulher da mesma massa que nós, que realiza absolutamente o ideal de pureza, beleza e santidade”.

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